ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 1 © 2007

Fadado destino que me criaste,

Em guerra de seis dias,

Nesta arena me lançaste,

Ainda jovem, e já sofrias!

Entretanto, as letras de fogo,

Foram balizadas no revólver,

A nação em gozo disparou,

Sem as devolver.

O notário não as registou,

Perderam-se em corpos incógnitos,

E fizeram da criança que chorou,

Órfã, mergulhada em pirolitos.

Com falta de ar, aos gritos,

Acordou a noite fria e escura,

E aos seus irmãos ainda aflitos,

Permeou a sensatez e a ternura.

Na escuridão, o som ecoa,

O pranto de uma alma ferida,

Que na infância já ressoa

O peso de uma guerra sem medida.

Mas mesmo no abismo do medo,

Onde a luz parece esquecer,

Surgiu um laço de afeto e segredo,

Que a dor começou a acolher.

E assim, na noite mais fria,

A ternura fez-se presente,

Como um farol na agonia,

Guiando os corações ao reencontro, finalmente.

Perderam-se as balas, as palavras,

Mas no silêncio, brotou a raiz,

De uma paz que, nas sombras,

Fez-se promessa de um futuro feliz.