ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 1 © 2007
Ignorei os sinais,
Proibido, continuei a transgredir,
Brinquei com a lei da vida,
E a natureza tornou-se isenta.
Só, defronte da única certeza,
As portas estão abertas para entrar,
Espera-me ansiosa a morte,
Para ser eterno a escrever.
E, criança, não poderá brincar mais,
Pois o tempo, implacável e certo,
Rouba-lhe o riso e os ais,
Num destino já escrito, já perto.
A vida, em sua dança cruel,
Deu-me o gosto do risco e da dor,
E agora, num ciclo inevitável,
Encaminha-me para o silêncio e o torpor.
Mas é neste fim anunciado,
Que encontro a essência do ser,
Nas palavras que deixo, gravado,
O eco de um existir a perecer.
E se a criança não pode mais brincar,
Será nas linhas que tracei,
Que o espírito encontrará lugar,
Para continuar a viver no que criei.
Assim, aceito o fim como início,
De uma nova forma de existir,
Onde a morte não é só suplício,
Mas a chave para nunca me extinguir.