ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 1 © 2007

Sou o eco do passado queimado,

Nas paredes frias deste lugar,

Onde cada suspiro é guardado,

Como um relicário de pesar.

As chamas que consomem,

Não só a carne, mas o espírito,

Transformam em cinzas o nome,

Que um dia foi grito, agora é rito.

E no silêncio deste museu,

Onde a vida é lembrança e tormento,

Sou a sombra do que aconteceu,

Um reflexo preso no tempo.

A mortalha que me cobre,

Feita de cinzas e pó de inverno,

É o manto da existência pobre,

Que se curva ao destino eterno.

Mas é na memória que arde,

No fogo que nunca se apaga,

Que encontro a verdade que guarde,

Mesmo quando o corpo já vaga.

Neste espaço onde o inferno e a beleza se cruzam,

Sou testemunha do que foi e do que será,

Um reflexo, uma história que usam,

Para lembrar que a vida é fugaz, mas o espírito persistirá.