ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 2 © 2008

Sou uma memória do passado, um navio esquecido,

Que outrora abria ondas, num mar jamais contido,

Na intenção de ser aclamado, navegava altivo,

Toda a gente se admirava, no brilho refulgente, vivo.

Era um modo necessário, sonhava ser mais,

Pensando ser um raio infinito, que nada desfaz,

Mas de tanto esplendor, tornou-se num meteorito,

Queimou-se no seu próprio brilho, num destino proscrito.

Agora, os restos do navio estão sepultados,

Incognitamente, em mares gelados, calados,

Algures, num oceano frio, onde a vida se esvai,

As ondas revoltas da mente, numa batalha que nunca cai.

Não conseguem desfazer-se, nem trazer de volta a chama,

E à luz da vida, o navio não se torna em alma que clama,

Permanece perdido, um eco no tempo, esquecido,

Sem nunca mais ser gente, num sonho já desvanecido.