ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 2 © 2008
Tentei ser genuíno e poeta, na condição de existir,
Supus ver uma descoberta, um caminho a seguir,
Mas afinal, fui apenas um olhar baço, desfeito,
Que só conseguiu questionar, sem nunca ter um leito.
Quem me partiu? Foi o destino desfigurado,
Ou a mulher que morava ao lado, num suspiro apagado?
Sei que podia ter sido amado, ternura em mim depositada,
Mas preferi carregar as pedras, sozinho, com a alma pesada.
Na fantasia que abracei, quebrei as correntes da vida,
Mas o que consegui? Ser desprezado, sem guarida,
Como um cão vadio, desmazelado e arraçado,
Perdido nas esquinas, onde o amor nunca foi encontrado.
Assim sigo, sem rumo, sem voz que me chame,
Na sombra do que fui, uma alma sem nome,
Tentei ser poeta, mas apenas fui ilusão,
Um sonho que se quebrou, sem eco, sem canção.