SALMOS © 2008
És um Cristo de Cristo, ou acreditas que és,
Um reflexo moldado no traço do seu rosto,
A linha contínua que corre sem pressa, sem pés,
Em direção ao ponto onde o infinito encontra o oposto.
Uma agonia disfarçada de rotina,
Fingindo que é outra, que é leve, que é genuína.
Mas no fundo, és o que escreves sem saber,
Um registo de ti mesmo, uma letra a desaparecer.
Procura-se o elo, a palavra que não se revela,
O som que falta para unir o que o coração esqueceu.
E na ilusão da pretensão, a alma desvela
O que sempre soube: o que se perdeu, talvez nunca se perdeu.